Eu me lembro de uma aluna que, durante o diagnóstico para a efetivação da sua matrícula em nossa escola, mostrou-me seus dedos machucados, com as unhas (muito) roídas, e me disse que, se um dia conseguisse aprender inglês, poderia abandonar aquele costume doloroso. Bom, entrou e saiu ano enquanto eu acompanhava o seu desenvolvimento, até que, numa ocasião, ela me procurou em minha sala, ergueu as mãos em minha direção e sorriu.
Como você já deve imaginar, as unhas estavam compridas. ela havia conseguido. Nós, apenas nos mantivemos próximos durante o percurso, que ela trilhou. Afinal, o aprendizado de um idioma é um processo pessoal e intransferível, lembra?
Uma conquista tão simbólica, tão cheia de significado! E sabe por quê? Porque não se tratava apenas do domínio de um novo idioma. Era mais. Tratava-se de vencer os bloqueios, que a impediam de experimentar e vivenciar a língua inglesa sem culpa pelos erros e sem medo do julgamento do outro. Era sobre se permitir falhar e tentar mais uma vez. Várias vezes, aliás.
Em sala, dividindo as horas com nossos alunos, em meio às tentativas da “pronúncia perfeita” e aos tropeços na conjugação de um verbo irregular, nós somos capazes de identificar alguns dos bloqueios mais frequentes. São eles: traumas envolvendo professores e colegas de sala, receio da exposição na frente de pessoas com mais experiência e desenvoltura, timidez e dificuldade na assimilação do conteúdo em aulas muito teóricas.
Mas o que fazer com isso, afinal?
Se você é aluno, entender e aceitar (sim, #aceitaquedóimenos) que leva tempo para se familiarizar e se sentir confortável diante de um idioma novo. Acalmar a ansiedade e o imediatismo para conviver – com leveza – com as falhas durante a prática, pois elas são inevitáveis.
Se você é professor, ajudar o aluno a reconhecer seus pontos fortes e suas maiores dificuldades, a valorizar o seu progresso, além de provocá-lo a buscar – e a alcançar – sempre mais, simplesmente, por ser, sim, possível!
No fim do dia, a gente só quer ser um tanto melhor que ontem, porque o amanhã já vem.
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